terça-feira, 30 de março de 2010

ônibus


 Gente essa é minha primeira crônica postada aqui espero que gostem...obrigada


Ele sempre estava na fila, àquele fila imensa naquele ponto de ônibus tomando sempre coca-cola e sempre com os fones nos ouvidos. Sempre que via ele tinha aquela sensação de conhecê-lo de algum lugar outra fila quem sabe outra vida quem sabe.Tinha um desejo imenso de saber o que ele ouvia, porque ele balançava a cabeça devagar de um lado para o outro e sem perceber eu também balançava a cabeça devagar ao ritmo dele, como se ouvisse o que ele ouvia e balançava os pés também .Ele sempre vinha com aquela pasta cheia de livros e papeis que caiam pelos lados, e tinha um olhar perdido de quem procura um cantinho pra se encostar.
Eu gostava muito dele, mais ele nunca olhava pra mim, tinha dia que ele estava mais alegre vinha com uma fanta na mão e sempre que vinha com uma fanta na mão tinha um sorriso nos olhos, acho sinceramente que a fanta o alegrava, ou era aquela loira peituda que também pegava a mesma fila que ele, sempre que ela estava a fanta estava com ele, daí os olhos dele não eram tão perdidos. Nos dias em que estava triste estava tomando água acho que ele tomava água para apagar o ódio dentro dele, nesses momentos em que bebia água ele segurava a pasta bege com força, parecia que o mal estava lá dentro e água era pra acalmar a raiva, mais geralmente ele estava sempre igual com a coca na mão os fones o meio sorriso os olhos perdidos.
E quando ele sentava no ônibus ele lia, era uma daquelas pessoas que para de ler se perde olhando os pedestres pela janela, marca a pagina com o dedo, e como num estalo ele voltava pro livro como se acordasse de um transe, às vezes ele dormia no meio da viagem eu ficava sempre olhando os olhos deles se fecharem e sonhava os sonhos dele naqueles 30 minutos de sono que ele tinha, quando o livro parecia interessante ele não dormia e não tirava os olhos do livro grifava com caneta amarela aqueles amarelos neons no meio dos livros, eu tinha um desejo absurdo de ler os amarelos grifados por ele, e quando ele ria de alguma coisa que estava lendo, ah que sorriso, aqueles dentes lindo brancos o canino era pontudo o que dava um charme especial pra ele, ele ria e parecia que quando percebia que estava rindo parava! Como se pensasse que não pudesse rir.
As minhas uma hora e meia de viagem só eram curtas por causa dele, das manias dele de colocar a bolsa no chão e por no colo e por no chão, aquele pasta bege dele, a garrafa de coca que ele nunca jogava pela janela segurava ate o final da viagem, os sorrisos dele o olhar perdido eu era apaixonada por ele, o celular dele era igual o meu só que era azul, eu também tinha uma bolsa bege e sempre estava ouvindo musica também, e sempre lia um livro, mais ele nunca percebeu que a gente se parecia muito.
Até que um dia na mesma fila ele com a fanta a loira peituda um pouco atrás de nos, eles disfarçadamente olhando ela eu disfarçadamente olhando ele a loira falando que nem uma matraca com a amiga dela coisas fúteis sobre cabelos e esmaltes, naquele dia uma senhora  entrou na nossa frente e quando o ônibus chegou ele empurrou à senhora para entrar primeiro, naquele dia a loira peituda parou de falar indignada com ele ela comentou comigo “que homem grosso” eu comentei com ela “é mesmo um ridículo”, naquele dia eu percebi que o nariz dele era grande demais, que ele lia uns livros bestas demais, que estava sempre balançando a cabeça que nem um retardado, que aquela pasta bege era horrorosa, que ele parou de ser interessante e se tornou como todos os outros sem educação que pegam aquela mesma fila.
A loira sentou do meu lado e conversamos a viagem inteira virou minha amiga de infância, ele continua coma aquela pasta bege, a água nas mãos e aquele olhar perdido certamente procurando a educação que ele dever ter perdido em algum lugar...

Um comentário:

Maldito disse...

rsrsr,.. falar mal dos homens, une mesmo as mulheres! rs