quarta-feira, 14 de abril de 2010

Meu livro


Eu to recolhida no anonimato das palavras vagas da minha boca, com uma cabeça cheia de pensamentos e com um processador na garganta que não deixa passar todas as palavras, quem prendeu a nossa voz e não nos deixa confessar nossos receios e preconceitos? Porque meu preconceito não pode ser confessado, eu só preciso ficar na medida de cada um, sem passar do ponto uma noite de cada vez, mesmo querendo cada vez mais um sexo casual com o estranho vizinho do apartamento de cima. Tava querendo um amor pra vida inteira, que durasse mais de três meses e que fosse um homem, e sem precisar me declarar que ele já soubesse só olhando nos meus olhos da carência da minha alma essa falta de nada ,que todo mundo tem.
Tava olhando o meu copo na mesa a as pessoas no bar todas desconhecidas, conhecidas agora no mesmo lugar, ouvindo aquela musica que não me passava mensagem alguma, só pra cobrir meu medo de ficar sozinha num sábado à noite, porque nem mesmo minhas cobertas conseguem me esquentar e meu livro que fica na escrivaninha ta cansado de mim, diz que preciso de mais realidade e menos ficção, fica me encarando cheio de letras e historias tristes que afagam minha alma. Tava com o copo na mão e minha garganta gelou com aquela bebida quente e foi como um estouro no meu estomago, tudo misturado e u não conseguia ouvir a musica, nem as pessoas que falavam de trabalho, do marido, das outras pessoas e eu só queria falar de mim um pouco.
Dizer que o medo de ficar sozinha não ultrapassa meu medo de ficar com você, que eu quero jogar aquele monte de lingerie que comprei pra te enlouquecer e só ficar nua do seu lado conversando bobagem e fumando um cigarro, só quero confessar que sou apaixonada por você e que nem por isso você precisa me amar te deixo essa liberdade a de não retribuir meu sentimento, foram pensamento rápidos que se seguiram como um flash entre a poção de batatas que o garçom colocou na minha mesa, e o copo de cerveja que o rapaz derrubou no chão, eu só ouvir o estalar do copo no chão, tava tudo parado de novo.
E eu não conseguia me lembrar o nome daquele rapaz simpático que sorria pra mim sentando na outra mesa, eu tinha certeza que o conhecia, vai ver era a bebida que estava me deixando meio tonta, ou de repente eu o conhecia do meu livro de cabeceira, ou não o conhecia, falava numa língua que eu não entendia, me chamou para dançar e eu ia dizer pra ele que eu era dura nunca dancei nada. De repente eu só queria deixar todo esse acaso pra lá e confessar que sinto algo que não posso sentir, pela pessoa que não pode me retribuir, eu só não queria dançar porque tinha medo de cair no chão e parecer ridícula, e meu medo de parecer ridícula é estranho porque é estranho tudo o que meu não entra no normal.
Só quero chegar em casa e tomar todos meus antiinflamatórios, antidepressivos, antialérgicos, anti vida, anti realidade, deitar na minha cama com duas cobertas, acender meu abajour fraco e ler meu livro melancólico.

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