
Sabia que ele estava vivo em algum lugar, mas a falta de comunicação de alguma jeito acalmava minha alma. Eu procurei em alguns amores sórdidos, e em algumas paixonites, por desespero pedaços dele também. Eu procurei manter minha mente ocupada, minha alma ocupada , minhas mãos ocupadas, para que assim nada em mim, procurasse ele.
Eu disfarcei minhas olheiras, com maquiagem, pintei meus cabelos, procurei enterrar a menina do sítio, a que ele amava, a menina que tinha, tinha coração.
Criei a garota do motel, a que vive sem sonhos e sem apego, ela trabalha, dorme, acorda e come, mas nada disso fazia dela um ser vivente, ela fuma, ela bebe e faz amor, algumas vezes, só para esconder o medo que tem dentro da alma. As pessoas podem até pensar que ela é vazia, uma pena, ninguém vai conseguir entendê-la.
Seus soluços de madrugada são inaudivéis, e ninguém absolutamente ninguém suspeita que ela sofre, que dói nela , que fere ela, uma falta de amor, tão grande. Está confusa, ela se arruma e fica tão linda, mas não quer ser vista ela quer ser uma bela despercebida na multidão. Mas quando ele aparece de alguma forma a menina do sítio renasce nela e faz dela, novamente um ser humano completo.